WandaVision

Uma série fora de época que retrata uma realidade suburbana, que é menos mundana do que aparenta ser. Ao subverter estereótipos e entregar além das expectativas, o show é imperdível para os fãs de super-heróis.

Fernando Gomes
5 min readJan 20, 2021
(Credits: IGN)

O ano passado foi tranquilo para o Universo Cinemático da Marvel (MCU). Após os eventos de Endgame, o MCU encerrou sua terceira fase e nos deixou com uma escasses de conteúdo sobre os heróis mais poderosos da Terra. O filme da Viúva Negra deveria dar inicio a fase quatro de filmes para a Marvel, mas devido o pequeno detalhed do COVID-19 o projeto foi adiado. Sendo assim o que impulsiona o fandom para uma nova fase, é a primeira série da Marvel, WandaVision, e assim como tudo o que Kevin Feige participa a série parece incrível e já deixou os fãs satisfeitos

Criada por Jac Shaeffer (The Hustle, Captain Marvel) e dirigida por Matt Shakman (The Good Guys, Mad Men, The Boys), a série traz Elizabeth Olsen (Old Boy, Ingrid Goes West, I Saw the Light) reprisando seu papel como Wanda Maximoff e Paul Bettany (Uncle Frank, O Código DaVinci, Uma Mente Brilhante) reprisando seu papel como Visão. Acompanhado por Debra Jo Rupp, Kat Dennings, Fred Melamed, Randall Park, Teyonah Parris e Kathryn Hahn, a primeira série original da Marvel nos insere na felicidade da vida doméstica que Wanda e Vision estão compartilhando, e parece muito, MUITO promissor.

Na estreia de dois episódios, o show parece algo diretamente dos anos 60 e informa a audiência que apesar do casal não estar viajando no tempo, épocas e estéticas diferentes serão retratadas durante o show. WandaVision poderia parece uma imitação das séries na quais se inspira, mas com escrita inteligente, atuação excepcional, composição de cenas, cenários, figurino, trilhas sonoras, “laugh tracks” e pronuncias fiéis aos programas da época, a série parece mais um tributo aos programas dos anos 60 .

Os escritores precisam ser elogiados pela forma como evitam as piadas desatualizadas (leia-se sexismo), clichês (leia-se “Piadas de eu odeio minha esposa”) e zeitgeist(leia-se desigualdade) daquele período, enquanto transportam os espectadores para uma era anterior da televisão.

Claramente, “A Feiticeira” foi uma das maiores inspirações para a estreia da série. Enquanto o programa original retratava uma bruxa poderosa como uma “dona de casa” casa comum, que se apaixona por um homem ordinário. Em WandaVision, temos uma das mais poderosas personagens da Marvel, casada com um android (e Vingador honorário), se compararmos os poderes de Wanda com os de Visão, o mesmo pode parecer também só um homem ordinário perante Wanda. O quão poderosos e desumanos são esses personagens, faz com que as piadas arcaicas e grosseiras pareçam engraçadas e frescas, além do momento cômico e entrega do elenco é excelente.

(Credits: Empire Online)

WandaVision não é somente uma comédia, de forma alguma, mas é cômico ver esses personagens completamente surreais, vivenciando alguns dos retratos mais mundanos e clichês, em relação a vida familiar TV já criou. Sim, existem algumas “piadas de pai”, mas também existem piadas inteligentes que demonstram diretamente as personalidades dos personagens, e essas piadas não parecem estranhas ou fora do lugar.

Encapsular o senso de humor antiquado 60 de uma forma elegante não é a única coisa que a série tem a oferecer, no final dos episódios, ficamos com pequenos “easter-eggs”, conteúdo suficiente para obcecar e teorizar, e um olhar mais íntimo por trás da vida casal incomum. Ainda assim, o que me deixou intrigado é como o show muda facilmente para tons mais sérios e misteriosos, que não apenas alarmam Wanda e Vision, mas também informam ao público que algo está errado e que a vida aparentemente perfeita que o casal vive pode não ser o que parece.

Ao todo, vemos um lado diferente de Wanda e Visão, um lado que não foi mostrado até agora no MCU. Sem estragar a série, ambos os episódios são extremamente divertidos e interessantes, mas o show de mágica do segundo episódio foi o destaque da estreia para mim. Claro, que eu tenho minhas próprias teorias sobre personagens, o que core representa no show, como tudo isso vai se relacionar com “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, e expectativas sobre quais arcos dos quadrinhos serão parte do show, mas talvez seja digno de um artigo próprio.

(Credits: Vanity Fair)

Este show prova mais uma vez que Kevin Feige é um dos melhores produtores da nossa geração, e continua satisfazendo fãs de cinema e fãs de quadrinhos na mesma proporção. Sua especialidade é criar conteúdo original e entregar representações fiéis de quadrinhos icônicos para os heróis mais amados de todos os tempos, e WandaVision é um novo testamento para a capacidade de Feige (apoiada pela Disney e Marvel) de fornecer entretenimento de forma consistente. É muito cedo para julgar a qualidade de toda a temporada, mas com uma estreia fantástica, criaram-se grandes expectativas.

É revigorante ver a Disney adotar uma abordagem ousada e peculiar para contar a história desse super-casal. Por anos eu venho reclamando de como o conteúdo dessas grandes empresas de entretenimento não é original e vem se tornando cada vez mais derivativo e, honestamente, sem graça. Portanto, ver os riscos que eles assumiram e o quão original a série é, foi um presente que feito sob medida para mim.

Como um fã de Marvel, não posso deixar de entrar no “hype train” e ficar esperançoso de que futuros episódios serão tão bons ou melhores do que os que temos no momento. Mesmo que você não esteja familiarizado com os personagens fora do MCU, eu ainda recomendo o show.

5/5 Fatias

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Fernando Gomes

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